Crítica: A Fita Branca


Ficha Técnica

Direção:Michael Haneke
Roteiro:Michael Haneke
Elenco:Christian Friedel, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Burghart Klaussner
Fotografia:Christian Berger
Montagem:Monika Willi
País:Alemanha / França / Áustria / Itália

Ano:2009


A opinião

O filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Tem uma certa moral. Há a necessidade de ser visto. É incrível como um diretor pode prender a atenção do espectador por duas horas e meia em uma cadeira de cinema. Haneke faz isso muito bem. É fantástico. O filme é extremamente técnico. Filmado em preto-e-branco, aborda o retorno a pureza e a inocência pela imposição de vontades dos que possuem o poder para ensinar. Os enquadramentos são perfeitas fotografias em movimento, com uma luz espetacular. Cada cena é artesanalmente produzida, despertando um perfeccionismo metódico. Os diálogos são diretos, prepotentes por uns. Por outros existe uma emoção reprimida pelo medo e o respeito imposto pela dominação de quem pode. A camera espera e observa as ações. Não cria suposições, e sim mostra por elementos cinematográficos usando os próprios personagens. "É preciso sofrer para ficar bonita", diz-se. O sofrimento é aceito e esperado. Há nuances para expor o lado instrospectivo e as claras para mostrar a vergonha de uma sociedade hipócrita que causa culpa de sempre estar entre o limite do certo e errado por pequenos detalhes. A opressão escolhe o silêncio e a frustração. Só quem pode se liberta. O diretor consegue extrair o pior do ser humano: a maldade, a crueldade, a brutalidade, a inveja e a vingança. Coloca na tela sem rodeios e sem flores. Aparece seco e grosseiro. Diferentemente dos seus outros filmes, este tem uma chama de esperança bem distante, mas tem. É onde os espectadores seguram-se para não perder a fé na humanidade. O longa é fantástico demais. Uma obra-prima competente e de um grau elevado de qualidade. Não só recomendo, como o obrigo a assistir.

A Sinopse

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, estranhos eventos perturbam a calma de uma pequena cidade na Alemanha. Uma corda é colocada como armadilha para derrubar o cavalo do médico, um celeiro é incendiado, duas crianças são sequestradas e torturadas. Gradualmente, estes incidentes isolados tomam a forma de um sinistro ritual de punição, deixando a cidade em pânico. O professor do coro de crianças e jovens da escola local investiga os acontecimentos para encontrar o responsável, e aos poucos desvela a perturbadora verdade. Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes 2009.


O Diretor

Nasceu em 1942, na Áustria. Estudou Filosofia, Psicologia e Teatro em Viena. Em 1974 começou a dirigir filmes para a televisão. Em 1989, seu primeiro longa-metragem para o cinema, O Sétimo Continente, foi exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Entre seus filmes destacam-se também A Professora de Piano, Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2001, e Caché, Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2005. Na 62a. edição do Festival de Cannes, Michael Haneke recebeu, no dia 24 de maio de 2009, a Palma de Ouro de Melhor Filme com Das weiße Band (A Fita Branca) sobre o modo como a educação familiar interfere diretamente na educação social e política de um País. Rodado em alemão e em preto-e-branco, o filme se passa na Alemanha anterior à Primeira Guerra Mundial.