Diretor: Beto Brant, Renato Ciasca
Roteiro: Beto Brant, Renato Ciasca, Marçal Aquino
Elenco: Gustavo Machado, Camila Pitanga, Zecarlos Machado, Gero Camilo
Fotografia: Lula Araujo
Música: Simone Sou e Alfredo Bello
Montagem: Willem Dias
Produção: Renato Ciasca, Bianca Villar
Distribuidora: Sony
Estúdio: Drama Filmes
Duração: 100 minutos
País: Brasil
Ano: 2011 COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião(durante o Festival do Rio 2011 por Fabricio Duque)
"Receba o filme de peito aberto!". Beto Brant, dividindo a direção com Renato Ciasca, é um cineasta marqueteiro. Manipula a curiosidade dos espectadores. Um dos motivos é a sua opção pela experimentação cinematográfica, explicita em “O Invasor”, “Crime Delicado”, “Cão sem Dono”, “O Amor Segundo B. Schianberg”, este último uma instalação sensorial, fantasticamente apresentada, do amor transpassado por uma video arte. O outro motivo é a constante e recorrente idéia de adaptar à tela os livros de Marçal Aquino, que também se apresenta como roteirista e como um “vendedor” nato, extremamente interessante. Mas neste ano, Beto transcendeu a propaganda do seu novo filme, lotando a exibição no Cinema Odeon Br, ao colocar um título homônimo do livro (de Marçal) “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios”. Quando se lê um nome deste, mais parecendo uma chamada, é inevitável a vontade de correr ao cinema. O filme, comportando-se como um triângulo amoroso, mas na verdade é um ponto com duas ligações, que não se conectam, envolvendo Cauby, um fotógrafo de passagem pelo interior da Amazônia, a bela e instável Lavínia e seu marido, o pastor Ernani, que acredita ser possível consertar as contradições do mundo. Lavínia (Camila Pitanga – incrível, principalmente na cena final) é o corpo (ex-prostituta e sofredora – que desperta a loucura ao viver o que não poderia); Cauby (Gustavo Machado – um ator que já nasceu personagem), o olhar (mulherengo, sem culpas e antiético); Ernani (Zecarlos Machado), a palavra, os três vértices de uma paixão incandescente, em meio à natureza ameaçada pela devastação. É um filme político, crítico, que insere elementos demais, perdendo o ritmo, mas que não prejudica o contexto. É poesia natural, sem os clichês esperados do amor. É sóbrio, adulto, maduro, direto, sarcástico, sacana, natural, libertador, imergindo e emergindo o espectador à vontade do roteiro. Concluindo, a quebra do ritmo impede que o equilíbrio narrativo seja linear, tendo pontos desfavoráveis. Beto experimentou demais, como a cena dos índios, que infere uma campanha turística do lugar mencionado. Vale à pena assistir. Recomendo.
Trailer + Entrevistas (durante Festival do Rio 2011)
Foto: Caras On Line
Os Diretores
Beto Brant nasceu em Jundiaí, em 1964. Em 1995, filmou Os Matadores, rodado na fronteira do Brasil com o Paraguai. O filme deu início à parceria do diretor com o escritor e roteirista Marçal Aquino. Ação Entre Amigos,1998, narra a história de ex-guerrilheiros que se reencontram 25 anos depois. O Invasor, 2002, retrata o crime e a violência como pontos de contaminação entre classes sociais. Crime Delicado, 2005, adaptação de um romance de Sérgio Sant’anna, narra um relacionamento amoroso que expõe mecanismos de controle e manipulação. Ao lado de Renato Ciasca, em 2007 dirigiu Cão sem dono, roteiro adaptado do livro Até o dia que o cão morreu de Daniel Galera. No momento está em cartaz com o longa “O amor segundo B. Schianberg”.
Renato Ciasca (de vermelho), paulista, o produtor, diretor e roteirista Renato Ciasca se forma em cinema na FAAP em 1986. Lá ele conhece Beto Brant e se associam em diversos projetos artísticos, o primeiro deles o curta de formatura, Aurora. O curta venceu prêmios nos festivais de Gramado e Brasília (melhor filme em 16 mm). Depois de viajar por diversos países, como EUA, Austrália, Índia, Nepal e vários da América do Sul, em 1994, Renato engajou-se em Os Matadores. Participou, como produtor e co-roteirista dos longas Ação Entre Amigos (1998) e O Invasor (2001). Em 2005, produziu o longa Crime Delicado e ao lado de Beto Brant, dirigiu o longa Cão sem Dono (2007), rodado em Porto Alegre. No momento está em cartaz com o longa “O amor segundo B. Schianberg”, baseado no livro de Marçal Aquino.