Roteiro: Aline Brosh McKenna, Cameron Crowe, baseados na obra de Benjamin Mee
Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson, Elle Fanning, Patrick Fugit, Stephanie Szostak, Thomas Haden Church, Carla Gallo, Desi Lydic, John Michael Higgins
Fotografia: Rodrigo Prieto
Música: Jon Thor Birgisson
Direção de arte: Peter Borck e Domenic Silvestri
Figurino: Deborah Lynn Scott
Edição: Mark Livolsi
Produção: Julie Yorn
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Twentieth Century-Fox Film Corporation
Duração: 124 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião
Aproveitar a experiência ao assistir “Compramos um Zoológico”, é necessário conhecer algumas características cinematográficas do diretor Cameron Crowe. Uma deles, e a mais importante, é o elemento recomeçar, que atinge a vida de seus personagens, os colocando na parede para escolher a decisão mais importante e definidora do futuro em suas trajetórias. O cineasta entende bem dos altos e baixos existenciais. Cameron começou jornalista, fazendo cobertura do universo musical, para revista Rolling Stones, que incluía o começo da cena grunge da cidade de Seattle, palco de inúmeros importantes protestos antiglobalização. Outra característica marcante é como aborda seus personagens. A trama é centrada neles, baseando-se em experiências pessoais, fornecendo naturalidade, realismo, originalidade e falta de cinismo. Há o limite tênue, simbolizada pela linha imaginária. De um lado a ingenuidade sonhadora, do outro a necessidade de se conviver com o mundo cruel e ameaçador. O que se encontra dentro? A coragem, a determinação e o conhecimento, impulsionado pela vontade, de que o caminho está certo, mesmo completamente conturbado. O cineasta conviveu com personagens humanizados. Integrantes de um grupo de música, que possuem o sonho de se tornarem ídolos e famosos. Desta percepção, Cameron dirigiu “Jerry Maguire – A grande virada”, e também, “Quase famosos”, “Vida de Solteiro”, chegando ao ápice (explicito do movimento) ao realizar “Pearl Jam Twenty”, seu último documentário. O diretor consegue captar a alma do personagem, em seus filmes, vendo desejo e obrigação, ao mesmo tempo, e mitigando o clichê caricato. Assim, a essência é mostrada, assim como o elemento bruto intrínseco e a liberdade, com suas probabilidades infinitas de escolha. Baseado nas memórias de Benjamin Mee, que neste longa-metragem, é interpretado por Matt Damon, um pai de família que decide que precisa recomeçar sua vida após o falecimento da esposa.
Desta forma, ele e seus dois filhos se mudam para um zoológico em péssimo estado de conservação, que, com a ajuda de uma equipe de funcionários, tentam fazer com que o local recupere o brilho perdido. Como já foi explanada, a mensagem parte da perda à reconstrução das vidas envolvidas. É um filme de aventura pessoal, direcionada tanto aos gregos, quanto aos troianos. Tem drama, expectativa, risadas, tudo acompanhado de músicas da banda islandesa Sigur Rós (de post-rock, com elementos melódicos, clássicos e minimalistas, som estéreo e falsete do vocalista, Jónsi). Quando a mistura acontece, o contexto cinematográfico tende ao equilíbrio e a linearidade. Emociona, sem apelar. Outro detalhe da analise de seus personagens é que nenhum é certinho demais. Eles são humanos, com falhas, anseios, estratégias, explosões de raiva e de humor. “O novo é o novo novo”, diz-se e complementa “A felicidade deles está tão barulhenta”. O tom de poesia oral permeia a trama. São colocações frasais de efeito sem o excesso propriamente dito. Os integrantes da família, tanto com eles, quanto com os outros, utilizam-se de picardias sarcásticas. São saudáveis, perspicazes, sagazes e inteligentes, como forma de convivência. “É o que é”, resume-se. “Não quero piedade solidaria compartilhada”, defende-se. Outra mensagem do longa é a de que em certos momentos, o individuo precisa simplificar e “dar vida nova a este moletom”. Maggie Elizabeth Jones, a atriz de sete anos que interpreta (magistralmente) a filha Rosie Mee, vivencia o centro da história, com suas percepções, que aludem a Mafalda, uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino sobre uma menina preocupada com a Humanidade, neste caso o bem comum de sua família.
“Não são jaulas e sim recintos”, diz-se sobre os animais. “Por que você comprou este lugar?”, pergunta-se. “Por que não?”, rebate-se. Os sentimentos são personificados e transpassados, sinestesicamente, ao espectador. Aos poucos, eles salvam os animais e a eles mesmos, como “criatura da cidade = exótica”. “O segredo para conversar é ouvir”, passa-se um inicio de auto-ajuda, inevitavelmente num gênero como este. É também sobre a esperança, e de nunca deixá-la acabar. O final corre resolve, rápido demais, os problemas. Pode ser perdoado, mas destoa da velocidade narrativa. Eles fazem as coisas pelas razões certas. “Não se pode viver um sonho em sonho”, e ou “Você precisa ter vinte segundos de bravura”, estes ditos levam a quem assiste ao próprio questionamento. Pensa-se na própria vida, no que fazer com o percalço que se vive. Pois é, Cameron Crowe “libera” o desejo de mudança de cada um de nós. Portanto, não sabe como decidir algo em sua vida? O cineasta sabe e bem. Concluindo, vale à pena assistir. Recomendo. As filmagens aconteceram em Los Angeles, Pasadena e Thousand Oaks, cidades do estado da Califórnia. Os verdadeiros Benjamin Mee, Dylan Mee e Rosie Mee fazem uma pequena participação no longa. No elenco ainda, a fantástica atriz Scarlett Johansson.
O Diretor
Cameron Bruce Crowe nasceu em Palm Springs, 13 de Julho de 1957. É um diretor de cinema e roteirista americano. Antes de dar início àcarreira na indústria cinematográfica, Crowe era editor contribuinte da revista Rolling Stone para a qual ainda escreve com frequência. Crowe destacou-se com os seus filmes centrados nas personagens e baseados em experiências pessoais que são geralmente elogiados pela sua originalidade e falta de cinismo. Michael Walker do The New York Times disse que Crowe era "uma espécie de porta-voz cinematográfico da geração do pós baby-boom", devido aos seus primeiros filmes que se centravam nesse grupo específico, primeiro como alunos do liceu e, mais tarde, como jovens adultos que se integravam no mundo. O primeiro roteiro de Crowe, “Fast Times at Ridgemont High”, saiu de um livro que ele escreveu quando fingiu ser um aluno do Clairemont High School em San Diego, Califórnia durante um ano. Aí conheceu Geraldine Edwards, que estudava lá quando foi visitar amigos comuns em 1975. Mais tarde foi nela que se inspirou para criar a personagem de Penny Lane em Quase Famosos depois de descobrir que ela ia aos bastidores dos concertos de Rock and Roll. Depois escreveu e realizou mais um filme sobre o liceu, “Say Anything” e depois “Singles”, uma histórias de habitantes de Seattle na casa dos vinte que se juntava a uma banda sonora centrada na cena grunge da cidade. Contudo Crowe conseguiu o seu maior sucesso com “Jerry Maguire”. Depois desse filme recebeu o apoio do estúdio para desenvolver o seu projecto de estimação: um guião autobiográfico chamado “Quase Famosos”. Centrado num jornalista de música adolescente em digressão com uma banda em ascensão, era a representação da sua vida aos 15 anos quando escrevia para a Rolling Stone. Parte do diálogo foi inspirado em comentários feitos por Bebe Buell em certas entrevistas. Também em 1999, Crowe lançou o seu segundo livro, “Conversations with Billy Wilder”, uma entrevista com o realizador lendário. (fonte: Wikipedia)
Filmografia
2011 - Pearl Jam 20 Twenty (Pearl Jam 20)
2005 - Tudo acontece em Elizabethtown (Elizabethtown)
2001 - Vanilla Sky (Vanilla Sky)
2000 - Quase Famosos (Almost Famous)
1996 - Jerry Maguire - A grande virada (Jerry Maguire)