Ficha Técnica
Diretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Ellen Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni, Ornella Muti, Judy Davis
Fotografia: Darius Khondji
Produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Gravier Productions / Mediapro / Medusa Film
Duração: 107 minutos
Ano: 2012
País: EUA/ Espanha/ Itália
Site: http://www.pararomacomamor.com.br/
A Divina Comédia de Woody Allen
Woody Allen está de volta, analisando, ao modo dele, o universo italiano, Roma para ser mais exato. Em “Para Roma, Com Amor”, o diretor repete a narrativa que está fazendo na série cidades. A anterior foi “Meia-Noite em Paris”, uma verdadeira obra de arte, sendo o filme sobre a França aclamado de forma unânime. É inevitável a comparação com o filme em questão aqui. Há quem diga que não é Woody Allen, há quem diga que o diretor neurótico se perdeu, há quem diga que está mais comercial e clichê. Caro espectador, esqueça o que foi dito e lembre-se da máxima ‘woodyalleana’ “Até o filme mais fraco do diretor é muito melhor do que o que se faz por aí”. Radicalismo pela carreira do Woody? Não, realismo convicto e factual. Nesta série cidades, o diretor, apaixonado por Nova Iorque, tenta analisar suas percepções sobre Roma, com extremo sarcasmo, ironia, naturalidade e nostalgia, características marcantes de sua filmografia. O roteiro utiliza-se do material bruto local, no caso, os italianos romanos a fim de traçar o perfil, às vezes soando preconceituoso, estereotipado e errôneo.
Talvez, a inteligente picardia não tenha sido entendida, porque se observarmos o dia-a-dia daquele povo, poderemos entender melhor o melodrama, o exagero, a ‘pseudo’ auto ‘falta de confiança’ e o estilo paparazzi de ser. É uma comédia leve, debochada sem agredir, que se utiliza do próprio meio para que possa acontecer, traduzindo num caleidoscópio de quatro histórias, que variam de um conhecido arquiteto americano revivendo sua juventude; um morador de Roma que de repente se vê como uma grande celebridade da cidade, um casal de jovens com encontros e desencontros românticos e um diretor de ópera que tenta fazer um agente funerário cantar. É uma comédia de absurdos, de situações, no melhor estilo Dante Alighieri, o primeiro poeta italiano da Florença, que transpassava em suas obras, como “A Divina Comédia”, paixões que se agitavam de forma angustiada num ambiente quase cinematográfico (que era o cenário ao redor).
Woody Allen é um gênio. Talvez, seu erro tenha sido realizar “Meia Noite em Paris” antes desse, porque, convenhamos, é muito difícil o ser humano não comparar alhos com bugalhos. Com um elenco de primeira, Ellen Page (de “Juno”), Jesse Eisenberg (de “A Rede Social”), Penélope Cruz (de “Vicky Christina Barcelona”), Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni (de “A vida é bela”), Ornella Muti, Judy Davis, e ainda com a presença ilustre do próprio Woody Allen, que estava ausente nas produções anteriores, o filme consagra-se pelo trabalho técnico, simples, sutil e da forma como o cineasta prepara seus atores. Qualquer um torna-se um bom ator com as aulas do Tio Woody. Concluindo, um filme que merece ser assistido; que não é nem um pouco o mais fraco de sua carreira; e que consegue captar a essência do lugar, única e exclusivamente, pela exploração, no bom sentido, da cultura local. RECOMENDO.
O Diretor
Foto: Divulgação
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Por Fabricio Duque